>> MORADORES DE BETÚLIA COBRAM ESTRADA

Esquecidos no meio do nada. É assim que se sentem os moradores da comunidade Betúlia, em Macaíba. Isso porque desde que a barragem de Tabatinga foi construída, o único acesso à comunidade é por uma estrada de barro, que fica a 12 quilômetros da rodovia RN-160. De um lado a outro, as águas da barragem de Tabatinga – que tem o objetivo de conter as cheias do rio Jundiaí e resolver em 70% os problemas causados pelas enchentes no município de Macaíba - tomou pelo menos 200 metros da estrada, antes utilizada pela comunidade.

Em março de 2009, o governo anunciou o início da construção de uma estrada que daria acesso à comunidade. O prazo de conclusão era de 15 dias, mas até agora não foi concluída. Além do acesso à Betúlia, deveria ter sido executada a recuperação de uma via e construção de uma passagem molhada, permitindo o acesso às propriedades rurais da região atingidas pelas águas da barragem.

Mas nada disso foi feito e para chegar a comunidade, é preciso passar por dentro de algumas fazendas. “Os fazendeiros não estão querendo que passem mais por dentro das terras porque muita gente deixa as porteiras abertas e os animais vão embora. Mas essa é a única saída que a gente tem, depois da barragem de Tabatinga. Se fecharem essa estrada ficaremos ilhados”, disse o operador de máquinas Genilson Nascimento Costa.

A falta de acesso provoca a dificuldade de transporte. Nenhum ônibus de linha chega até a comunidade, a solução é contar com a boa vontade dos vizinhos que possuem carro.

“A única pessoa que faz esse transporte aqui é um primo meu, mas parece que o Detran está exigindo que ele faça um curso e pague mais de mil reais para colocar as faixas no carro. Por causa disso ele está pensando em desistir. E se ele sair, não sei como vamos ficar”, reclamou o coveiro Silvino Cassiano Neto.

E a situação piora na época da chuva, pois a estrada de barro vira lama e os carros pequenos não conseguem passar. “Esse ano, graças a Deus, a chuva foi pouca. Quero nem pensar quando chover muito”, disse Silvino.

Problemas não faltam em Betúlia. A única escola da comunidade está fechada e para estudar, as crianças tem que se deslocarem para Canabrava ou Lagoa Seca. Segundo moradores, a prefeitura disse que não era viável deixar a escola funcionando porque é pequeno o número de crianças.

“Para os meninos pequenos a prefeitura tem um ônibus. Mas, os que já são grandes, tem que se virar para ir para escola. Minha sobrinha anda a pé daqui para a pista, uns 12 quilômetros, para poder ir a escola”, reclamou Silvino.

Para a dona de casa Elisabete Félix, a barragem de Tabatinga trouxe mais problemas do que solução. Segundo ela, os médicos só vão a comunidade – que não tem posto de saúde - a cada 15 dias. “Nessas visitas eles fazem as consultas, dão remédio e depois vão embora. Depois disso, se alguém passar mal tem que rezar para chegar a tempo em Macaíba porque aqui não tem posto de saúde. Se adoecer de repente, morre no meio do caminho como aconteceu com uma senhora no ano passado. É uma dificuldade”, lamentou.

Fonte: Tribuna do Norte