CASARÃO DOS GUARAPES SERÁ RECUPERADO

Antes tarde do que nunca. O Casarão dos Guarapes, localizado em uma das regiões mais pobres da Grande Natal, finalmente passará pelo tão esperado processo de restauração e reforma. Um grupo de arquitetos e engenheiros contratados pela Secretaria Extraordinária de Cultura e pela Fundação José Augusto (FJA) visitou o local e reavivou as expectativas da Prefeitura Municipal de Macaíba e do grande entusiasta e levantador dessa ação, Valério Mesquita, para ver a concretização de mais de 15 anos de luta. Os investimentos do Governo do Estado estão previstos na ordem de R$ 800 mil.


Tombado em 1990 pelo Patrimônio Histórico Estadual e em 2002 adquirido pelo Governo do Estado, o casarão nunca passou por reformas. O local era residência do comerciante Fabrício Gomes Pedroza e é considerado um dos principais marcos da economia da Província do Rio Grande. O casarão deu origem ainda ao bairro Guarapes. "Existe o contraponto entre restaurar ou manter a beleza das ruínas, mas a reforma completa garantirá mais beleza ao local e poderá sediar um centro histórico-cultural do comércio potiguar", afirmou Marcelo Augusto, secretário de cultura de Macaíba.

São mais de 100 mil hectares de terras que pertenciam a Fabricio Pedroza e hoje se encontra em meio ao matagal. À mercê da ação do tempo, de vândalos e posseiros, repousam na cota de um morro as ruínas da edificação que, paradoxalmente, testemunhou um período de prosperidade e poder econômico responsável, durante o Segundo Império, pelo desenvolvimento do comércio e indústria da província do RN.

"O brilho do lugar, a beleza da paisagem, associado ao projeto que a FJA tem de criar um cinturão histórico-cultural entre os pontos turísticos de Macaíba só nos fazem vislumbrar com alegria a certeza da preservação de um ícone histórico de tão grande importância para o RN", afirmou Marcelo Augusto. "Imagine o quanto levantaria a auto-estima da comunidade dos Guarapes, se o local fosse transformado em um complexo culturalassociado ao turismo. Teríamos história, lazer e retomada do desenvolvimento para a região", completou.

A equipe de reportagem do Diário de Natal procurou saber mais detalhes a respeito da reforma e prazos para início das obras com a Secretaria Extraordinária de Cultura e com a Fundação José Augusto, porém, ambas entidades não atenderam as ligações até o fechamento desta edição.

Expectativas

Os residentes do bairro conhecem o Casarão do Guarapes como o "museu velho". Residindo na margem esquerda da BR-226, na entrada do acesso às ruínas, Francisco Sousa, 60, afirmou, desacreditado: "Difícil crer que Guarapes já foi sinônimo de riqueza. A realidade de hoje leva a acreditar que depois que a pobreza chegou ela ficará aqui para sempre". Valério Mesquita, escritor, pesquisador e membro da Academia Norte-Rio-grandense de Letras, foi o autor do projeto que solicitava o tombamento da Casa de Guarapes quando era membro do Conselho Estadual de Cultura.

Durante todos esses anos defendeu a restauração imediata do casarão associada a um plano de revitalização da área para que seja implantado no local um memorial da história do comércio e indústria no RN, algo nos moldes da reforma que foi feita no engenho de Ferreiro Torto, também em Macaíba, em 1977. Para justificar a ideia de restauração do velho casarão, Valério Mesquita lembra que do alto das ruínas contempla-se um bela paisagem desenhada pelo rio Potengi, que ele descreve como um verdadeiro "corredor histórico". Em instantes, ativa-se na cabeça do visitante uma espécie de "máquina do tempo" que por impulsos cognitivos projeta na mente imagens da época gloriosa de Fabrício Pedroza.

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Fonte: Diário de Natal