CENTRO COMERCIAL DE FAMA E PODER


De 1858 a 1870, sob o comando do Major Fabrício Gomes Pedroza, Guarapes foi um grande centro comercial de repercussão, fama e poder. Incentivou e desenvolveu a indústria açucareira com novas técnicas, popularizou as primeiras faturas, divulgou novidades de escrituração. Segundo Valério Mesquita, o fundador de Guarapes foi o responsável pela emancipação do município de Macaíba, além de ser o patriarca da família que gerou Alberto Maranhão e Augusto Severo. Doente, Major Fabrício deixou a direção dos negócios em 1871, indo para o Rio de Janeiro. Em 22 de janeiro de 1872, faleceu em Santa Tereza e foi sepultado no cemitério de São João Batista. Fundado por Fabrício na segunda metade do século 19, a Casarão dos Guarapes foi residência e sede do maior entreposto comercial da Província e contava com um complexo de armazéns à beira do rio Guarapes (nome dado aquele trecho do rio Potengi), onde foi construído um porto com ancoradouro para embarcações de até 500 toneladas.

O pequeno mascate que negociava pelos arredores da cidade acabou se encantando pela região que chamou de Guarapes, em Coité (hoje Macaíba), onde herdou por casamento algumas terras. No alto de uma colina, ponto estratégico à margem esquerda do sentido Natal/Macaíba, Fabrício Pedroza ergueu a Casa de Guarapes, uma capela, escola e casas de empregados. Em baixo, à beira do Potengi, construiu armazéns de taipa e um porto com ancoradouro quase tão extenso e profundo quanto o de Natal, capaz de receber embarcações de até 500 toneladas.

Algodão, sal, peles, especiarias e quase todo açúcar produzido pelos engenhos potiguares eram escoados para o interior do Estado e até para o exterior. O entreposto comercial dos Guarapes, administrado por apenas um homem, chegou a desbancar o comércio da capital da Província. Para se ter uma ideia, de 1869 a 1870 vinte navios carregaram produtos para fora do país, enquanto Natal, no mesmo período, com todo o prestígio de capital, carregou 21 embarcações.

Fonte: Diário de Natal